quarta-feira

Sobre dedos e anéis

Hoje encerrei o meu luto. O luto por mim mesma, por este pedaço de dedo que não vai voltar a existir. Estou curada. Não quero mais ter pena de mim. Foram quase dois meses em que muitas coisas foram amputadas dentro de mim; dependendo dos outros para muitas coisas de ordem prática e também afetiva. Fiquei frágil, triste e perdida...
Perdi um pedaço pequeno do corpo e com ele, minha autoestima, minha vaidade, minha alegria. Sem o meu curativo, me sinto nua, sem a menor sensualidade, o que é pior. A deformidade da minha mão é algo que vou ter que aprender a lidar daqui por diante, além da mobilidade parcialmente prejudicada. Mas é preciso jogar o jogo do contente o tempo todo nesta vida, afinal, como não canso de ouvir (e também de refletir), poderia ter sido um braço, uma perna, mas foi só uma falange... Pura verdade! Mas cada um luta como pode com seus fantasmas e monstros. E na conta da falange, também foram algumas outras coisas importantes.
Todavia, a vida tem suas compensações e se perdi parte de um dedo, também recebi muitas mãos amigas. E elas vieram da forma mais doce e despretensiosa de onde eu menos esperava e eu nunca vou esquecer. Gratidão.
E como dizem, "vão-se os dedos, ficam os anéis". Nunca um provérbio popular fez tanto sentido para mim. E que anéis lindos e valiosos me restaram: verdadeiras jóias!  E bem, eu não pensava em ser pianista mesmo...

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